Ilkeline de Paula
O uso da tecnologia tornou-se algo quase natural para as crianças atualmente. Algumas nem aprenderam a andar direito e já dominam a "arte" em deslizar os dedinhos na tela touch screen! Já presenciei crianças de 4, 5 anos dominando atalhos e recursos em celulares e tablets que eu nem imaginava que existiam. Tipo já chegaram com chip novo, mais moderno, sabe?! Há quem veja com maus olhos a exposição das crianças muito pequenas à tecnologia, mas cá entre nós, eles já nasceram num mundo tecnológico. Ir assimilando esta "linguagem" desde cedo vai ajudar a acompanhar os avanços que estão por vir. E ó, isso não vai parar nunca! Então, onde está o problema?
Mais uma vez, o problema está no excesso! Pesquisas indicam que a superexposição aos eletrônicos como celulares, tablets, computadores e televisores está relacionada a atrasos cognitivos, déficit de atenção, sintomas de dificuldades de aprendizagem com e sem impulsividade. Outros problemas comportamentais como dificuldade de lidar com frustrações e com o sentimento de raiva também são citados. Além disso, a obesidade seria uma consequência, pois a criança passa a fazer menos atividade física. Quando a criança tem o hábito de usar aparelhos midiáticos no quarto antes de dormir, pode sofrer de privação de sono e, em casos mais graves, há risco de dependência por tecnologia.
A Sociedade Canadense de Pediatria e a Academia Americana de Pediatria são rigorosos e apontam limites severos para a exposição das crianças a todo tipo de tecnologia. Recomendam que o ideal é que apenas depois dos dois anos de idade as crianças comecem a ter contato com aparelhos eletrônicos midiáticos, ainda assim com o tempo controlado. Para ambas entidades, crianças de até 5 anos deveriam ficar no máximo uma hora diante das telas por dia. Gradativamente, vai-se aumentando para 2 horas em crianças de 6 a 12 anos e para 3 horas a partir dos 13 anos.
Na prática, estabelecer estes limites e regras para o uso da tecnologia pelos nossos filhos nem sempre é fácil. Porém, as consequências apontadas pelos estudos e por especialistas nos obrigam, como pais e cuidadores, a agir com cautela e bom senso.
Sugestão de leitura:
http://pediatrics.aappublications.org/content/132/5/958
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